A demarcação entre ciência e filosofia é um interessante problema filosófico. A filosofia também não admite uma autoridade privilegiada, contudo, pode manter a intersubjetividade sem que ela tenha por referência ou princípio uma experiência material ou documental. Portanto, a atividade filosófica é intersubjetiva e é reflexiva, isto é, não se pode tratar um problema filosófico sem, de algum modo, estar engajado nesse problema. Desse modo, quando discutimos lógica estamos discutindo, de algum modo, regras para nosso próprio pensamento, se queremos que ele seja denominado de pensamento lógico. Ou, se discutimos ética, discutimos princípios de ação para nossas próprias ações, pois não haveria interesse em discutir a ética se não fosse para modificar nossa própria conduta.
O caráter reflexivo vai mais longe: ele pode romper com aspectos da intersubjetividade: ao falar de minha experiência posso não ter a expectativa de que o outro tenha experiência semelhante, nem que essa experiência possa ser repetida. Aliás, nem eu mesmo sou capaz de repetir minhas próprias experiências, como bem observou Heráclito.
Os elementos comuns entre filosofia e ciência são a intersubjetividade, praticada mediante a discursividade e a experiência, sendo que a ciência tende a se centrar mais em seus objetos e modelos - até os extremos do positivismo e neopositivismo materialistas - ao passo que a filosofia se centra em seu aspecto reflexivo e aberto - até o extremo do existencialismo.